Slow Parenting: A Função De Pai e Mãe

A Função de Pai e Mãe

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Assuma a função de pai e mãe.

Este é mais um dos fundamentos do movimento Slow Parenting. Mas, especialmente nos dias de hoje, podemos ter a impressão de que passamos as 40 semanas de gestação um pouco “por fora” do que seria de fato essa função.

Nesse momento também estamos um pouco mais preocupados em estudar os prós e contras de cada via de parto, ou então em treinar e nos prepararmos para a amamentação, por exemplo.

Isso quando não ocupamos boa parte da gestação em organizar os vários eventos que envolvem um bebê: chá revelação, maternidade, chá de apresentação, mesversário, batizado, aniversário, dentre outros.

Parentalidade fora dos livros

Talvez esse momento inebriado de fantasia aconteça porque ele antecede um intenso período, onde todas as forças físicas e mentais do casal estarão direcionadas para os cuidados básicos daquele bebê que acabou de chegar ao mundo. O bebê que está só se adaptando à vida com aquela família.

Também porque ser Pai e ser Mãe é algo que transcende o que está nos livros. É uma alquimia entre os registros que você tem como filho, ou seja, o que você recorda e tem gravado em seu coração como representação de Pai e de Mãe e o que você DESEJA SER como Pai e como Mãe.

É sobre o DESEJAR SER que nós podemos nos inspirar e trazer conhecimento. O que temos de registro dos nossos pais não pode ser mudado, a isso cabe gratidão eterna e compreensão – pois eles deram o melhor que podiam naquele momento.

A Função dos pais

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Será que estar disponível para os filhos é passar o tempo todo com eles?

Eu sempre me questionei o que seria estar disponível para a minha filha.

Será que disponível está ligado a tempo? Ou então a disposição física ou mental?

Aqui eu divido com vocês o que “estar disponível” significa para mim, mas sugiro que vocês desenvolvam essa lista:

  • Paciência – Paciência com crianças é saber curtir o processo que as leva a atingir suas conquistas. Cada dia para uma criança é repleto de desafios que para nós adultos são tarefas corriqueiras.Se nos propusermos a sermos pacientes, não vamos nos preocupar em quanto tempo ela vai conseguir desempenhar aquela tarefa ou com qual destreza, mas vamos curtir e acompanhar a evolução dela durante o processo de aprendizagem.
  • Presença – Sim, a sua presença física, seu contato de pele. Esse último item é de extrema importância para a formação do ego da criança quando ainda é um bebê, são o que caracterizam a presença como uma das funções de um pai e de uma mãe.Ainda vale lembrar que a presença vai ser melhor aproveitada por todos se não houver distrações eletrônicas envolvidas.Não precisa pensar em atividades mirabolantes para fazer com seu filho, lembre-se que o que está nutrindo ele é a SUA presença. Inclui-lo em suas atividades de rotina por alguns momentos, desde que a sua atenção esteja voltada para a criança, já será uma grande brincadeira para ela.
  • Carinho – Carinho é vestir a sua “roupa de criança” toda vez que você escutar o seu filho. Adultos não entendem crianças e nem bebês, mas a sua criança interior, aquela que você foi um dia, essa sim vai entender o que seu filho está tentando comunicar com aquele choro continuo que parece com uma birra. Ou aquela risada rasgada para qualquer barulhinho diferente que você faz, aquele desenho que se tivesse uma legenda facilitaria muito mais a interpretação.O mundo que seu filho vive é paralelo ao nosso, ainda é lúdico, repleto de esperança e fantasia. É com carinho que você adentra nesse mundo algumas horas do dia e depois volta a sua realidade reabastecido.
  • Atenção as necessidades de cada fase – Quando nos tornamos pais, a impressão é que precisamos nos formar também em pedagogia, nutrição, pediatria, psicologia infantil, fonoaudiologia, entre outras especialidades que envolvem o desenvolvimento infantil. Mas não!É claro que o interesse sobre o desenvolvimento do seu filho é natural, mas existem especialistas de cada uma dessas áreas e como tal, estudaram e são capacitados nesses temas para nos ajudar. A nós pais, cabe a atenção voltada as crianças, pois somos nós que estamos com elas no dia a dia. Portanto, o nosso radar deve estar ligado no seu desenvolvimento.

    Entender quais são os desafios de cada fase, as habilidades que serão desenvolvidas naquele período, podem te ajudar a ter informação que vai gerar conhecimento com o intuito de ajudar seu filho a passar por esse período com mais leveza. Se esse tipo de informação gerar mais ansiedade para você, ou então uma forma de comparação entre o seu filho e os coleguinhas, é melhor não se informar, porque dessa maneira a informação não se transforma em conhecimento e só gera sofrimento para você e para seu filho.

  • Dê espaço para o seu filho se manifestar – Dar espaço para seu filho se manifestar é a base de um relacionamento com respeito. E estar disponível para ele, é estar disponível para receber o que ele tiver para manifestar. Muitas vezes serão coisas agradáveis como sorrisos, gracinhas, carinhos, mas tantas outras serão coisas “desagradáveis” como choros, incompreensão, braveza.Vale lembrar que a primeira forma de comunicação do bebê é o choro. O quanto antes nos acostumarmos com essa comunicação, teremos oportunidade de aos poucos desenvolvermos outras formas de comunicação, de acordo com a evolução cognitiva idade por idade. Mas até ele se manifestar da mesma maneira que a nossa, transmitindo seus sentimentos em palavras, passarão muitos anos, e é nossa função como pais e mães respeitar esse espaço de expressão e se possível, compreendê-lo.

Lidando melhor com a frustração (primeiro as suas, depois dos filhos e das pessoas ao redor)

Tudo que pensamos em ensinar para nossos filhos precisa começar por nós. Porque em qualquer idade, o peso do exemplo é o que conta de verdade na educação e o que fica registrado para eles.

Por isso, a sugestão é que comecemos a lidar melhor com o tema Frustração, porque essa é uma das funções primordiais na parentalidade e talvez um dos pilares da formação de um indivíduo psiquicamente saudável.

Esse é um tema que dará um post inteiro sobre ele, mas fica o questionamento, do por que sermos uma geração de pais que não está permitindo que nenhuma frustração alcance nossos filhos? Por que estamos criando-os de forma tão imediatista, sendo atendidos em suas necessidades no minuto em que as pedem, independente da idade que eles tenham? Por que temos a impressão que não suportarão uma rejeição de um coleguinha que não quer brincar com eles naquele momento ou então que serão a única criança da classe a não ter o brinquedo do momento?

Será que no meio de tanto conhecimento sobre a infância que essas últimas décadas nos proporcionaram, colocamos as crianças como protagonistas demais das nossas casas e agora não sabemos muito bem qual o papel dos pais nessa dinâmica familiar?

Permita a autonomia da criança assim que ela der o primeiro sinal de manifestação

Com o olhar amoroso de pais buscando exercer a sua função, não tem como passar despercebido o interesse desde pequeno do bebê, por exemplo, em descobrir o seu próprio corpo, quando ainda recém nascido começa a levar as mãozinhas a boca (quando acha uma brecha em que consegue se livrar das terríveis luvas que as mães colocam).

Isso significa que ele vai ser uma criança viciada em chupar o dedo? Não necessariamente. O que significa é que ele está buscando por si só uma maneira de se entreter, de encontrar alívio para suas angústias sem depender de terceiros. Isso mostra que o ser humano é naturalmente autônomo.

Ele precisa desenvolver essa autonomia, que mais tarde será a sua individualidade, para depois saber conviver em sociedade. Por isso, como pais devemos “permitir” a autonomia da criança assim que ela comece a se manifestar.

A autonomia não é apenas a escolha de um método educacional.

É algo natural do ser humano e você pode escolher algumas posturas sobre isso: contribuir e caminhar ao lado do seu filho, o que será muito prazeroso e permitirá que você também evolua como pai e mãe, tornando-se também mais autônomo; poderá simplesmente deixar que ele percorra esse caminho sozinho ou poderá dificultar a sua trajetória, não confiando na capacidade genuína que seu filho tem de aprender e resolver suas questões por si mesmo.

Foram muitas inspirações, mas lembre-se que a parentalidade é algo vivido de forma muito particular dentro de cada família. O importante é você entender qual a melhor forma de exercer a sua e manifestá-la como dever e com leveza.

Quer entrar em contato com a Nínive, psicanalista infantil? ninivecav@gmail.com e @connect_br no Instagram.

Mãe da Helena, psicanalista infantil, fascinada pelo universo kids muito antes de participar ativamente dele - na época só o marketing preenchia os meus dias de trabalho. O que sempre esteve presente na minha vida foi o interesse pelo conhecimento, uma coisa bem geminiana, não é? E isso sempre me fez conhecer um pouco sobre cada assunto e hoje me trouxe até aqui.

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