Por que as crianças fazem birra?

De repente, em um piscar de olhos, o bebê começa a interagir com as pessoas ao redor: sorrir quando está feliz, faz gestos para sair do chão ou para receber um brinquedo.

Não são lindos esses momentos de comunicação? Quase sempre lindos. Mas junto com eles, mais dia, menos dia, também chegam os episódios de birra – porque afinal, ela também faz parte da comunicação!

Nunca tinha pensado na birra dessa maneira, não é?

Mas ela nasce de uma frustração, de um desejo não realizado, e é natural que essa manifestação dê os primeiros sinais a partir dos 12 meses do bebê. Dependendo do seu temperamento, são aqueles acessos puramente emocionais, aquele choro descontrolado (que muitas vezes não cai nenhuma lágrima).

É uma maneira de se comunicar de um serzinho que já está cheio de vontades, mas que ainda não sabe expressar nenhuma palavra. Imagina a angústia interna?

Mas você precisa se preparar para passar por esses momentos, e o que sempre me ajudou foi entender o que aquela fase representava no desenvolvimento da minha filha.

E a manifestação da birra significa algumas coisas:

  1. Que o bebê está construindo aos poucos sua própria identidade, com suas vontades
  2. Que se sente confortável para manifestar seus desejos naquele meio
  3. Que está comunicando que precisa da ajuda de um adulto para se auto-regular novamente.

Sabendo desse desafio que a criança está passando, você vai buscar ajudá-la nos momentos de crise.  Na minha opinião, uma maneira saudável de lidar com esses momentos de birra é norteado por dois conceitos principais: ACOLHIMENTO e EDUCAÇÃO.

Esses conceitos devem ser aplicados independentemente da idade da criança, mas claro, devem ser modulados para a capacidade de entendimento que cada fase propicia.

O acolhimento é fundamental e você vai encontrar a dosagem correta de aplicá-lo ao seu filho.

Mais do que dicas de como agir com birras em público, ou estratégias de negociação com uma criança, queria levantar a importância de acolhê-la, nessas manifestações tidas como não bem vistas, porque é uma forma de demonstrar a ela que você a ama, mesmo quando sua manifestação não seja “boazinha”.

 

Entendam que, não se trata de reforçar um comportamento egoísta, tirano. Mas acolher um lado não belo da criança faz ela sentir-se amada por completo, livre para manifestar-se. Éé dessa maneira que fortalecemos a sua autoestima, que ensinamos resiliência, habilidade em lidar com frustrações. O resultado de tudo isso é um adulto bem mais tolerante.

O acompanhamento perfeito para o acolhimento nas birras é a educação. Educar é moldar, modelar de acordo com a capacidade cognitiva que a idade daquela criança proporciona, o conhecimento que você quer transmitir a ela, os valores, as crenças.

É preciso ter convicção ao educar uma criança, principalmente nesses momentos em que eles estão agindo por pura emoção. A transmissão desses valores vai ser passada pelas palavras escolhidas para conduzir aquele “ataque”, a postura corporal, o olhar de compreensão ou repreensão.

Espero que esse artigo abra caminho para uma nova reflexão sobre o assunto. Dicas práticas de como agir, acho que não cabem, pois com certeza você vai saber aplicar na sua rotina.

No entanto, uma dica que vale sim lembrar em todos os momentos da parentalidade ou qualquer relação próxima que se tenha com crianças, é que nem sempre vai ser fácil, embora a situação nos exija estarmos no controle até para conseguir ajudar aquela criança.

Nesses momentos tente lembrar quem é o adulto, que você tem mais ferramentas para lidar com aquele momento de frustração do que aquela criança, e naquele instante você precisa ajudá-la a se regular novamente, com o que você tiver a oferecer – muito ou pouco não importa. Amanhã você terá mais a oferecer, se esse for seu objetivo.

Quer entrar em contato com a Nínive, psicanalista infantil? ninivecav@gmail.com e @kinder_connect no Instagram

Mãe da Helena, psicanalista infantil, fascinada pelo universo kids muito antes de participar ativamente dele - na época só o marketing preenchia os meus dias de trabalho. O que sempre esteve presente na minha vida foi o interesse pelo conhecimento, uma coisa bem geminiana, não é? E isso sempre me fez conhecer um pouco sobre cada assunto e hoje me trouxe até aqui.

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